Nem só de skate vive o kekeitero, e ainda bem porque ninguém aguenta consumir skate 24/7. Ou aguenta? Enfim, a questão é que a gente também se interessa por outras coisas, tipo sei lá, jardinagem, corte e costura, um futebolzinho bem jogado (nosso amigo Paulinho já falou sobre skate e futebol aqui), outros, como eu, curtem um basquete. E esse fim de semana, de 15-17 de fevereiro, está rolando o All Stars da NBA, onde basicamente juntam os melhores jogadores da liga norte americana pra jogarem entre si, ou seja, é uma pelada entre amigos, só que eles são os melhores do mundo.

E por mais que não exista algo assim no skate, algumas marcas as vezes montam verdadeiros exércitos de skatistas, coletando os “melhores” toda vez que surge uma oportunidade. Dessa vez duas marcas têm se destacado nesse rolê, sendo uma a hypada entre os jovens instakids de calça com elástico, Primitive, e a outra adorada pelos modernos de calça curta/dobrada, Fucking Uélson Awesome. E pra ser sincero me incomoda um pouco quando isso rola, de uma marca monopolizar uma galera, mesmo que eu seja fã da mesma.

Mas se engana quem acha que essa palhaçada começou nos últimos anos, já que há décadas alguns team managers conseguiam a proeza de juntar uns menino bom. E talvez uma das dinastias que mais marcou época foi a Girl, entre meados dos anos 90 e começo dos 2000, junto de sua marca-irmã, a Chocolate, num esquema muito parecido com o que temos hoje com a Fucking Awesome e a Hockey. Nesse sentido, meio que movidos pela indignação, decidimos falar um pouco sobre esse período.

Time da Girl no final dos anos 90

Pois bem, se hoje a FA tem lendas como Dill, AVE, Gino Iannucci, e moleques do nipe de Tyshawn (Skater of the Year 2018), Sage Elsesser e Na-kel, todos no auge, isso falando por cima; a Girl na sua era de ouro era o suprassumo das marcas de skate. Fundada por Mike Carroll e Rick Howard em 1993, logo entraram Jeron Wilson, Sean Sheffey e um jovem Koston, que fechou o primeiro vídeo da marca, Goldfish (1994).

O vídeo dirigido por Spike Jonze também foi responsável por definir um padrão para as produções subsequentes da Crailtap (distribuidora da Girl/Chocolate/Lakai), com as clássicas esquetes e péssimas, mas bem humoradas atuações. Aqui eles já faziam um estrago, e Mike Carroll levou skatista do ano, sendo tudo isso só o começo de uma sólida carreira como marca e time.

O caminho natural dessa história é pular pra 1996 quando houve o lançamento do segundo full lenght da Girl: Mouse. Também dirigido por Spike Jonze que conta agora com, além dos nomes já citados anteriormente, Gino Iannucci e Keenan Milton (novin demais) dividindo uma part e o pai Guy Mariano fechando. Koston tava voando naquele ano, e além do Mouse, apareceu no primeiro vídeo da Transworld, Uno, garantindo assim o SOTY de 1996.

Jeron Wilson, Keenan Milton, Tim Gavin, Gabriel Rodriguez, Sean Sheffey, Rudy Johnson, Guy Mariano, Eric Koston e Rick Howard

Como falamos antes, o texto se inicia a partir da nossa indignação com a “ganância” que certas marcas têm em montar exércitos do skate, e a Girl apesar de ter iniciado com skatistas incríveis e ter servido de catapulta para outros, ela também já foi atrás de uns meninos de ouro no decorrer de sua história. O principal deles acredito ter sido Brian Anderson, que havia passado pra pro pela Toy Machine em 1998, foi SOTY em 1999 com uma das melhores capas da história da Thrasher, na minha opinião, e no ano seguinte recebeu a proposta do Mike Carrol para mudar de time. Já na Girl, BA fecha o clássico Modus Operandi (2000), da Transworld, se estabilizando como um dos melhores skatistas da mudança de século.

A tal capa

Já que estou seguindo uma ordem cronológica e o assunto é “super times”, vou abrir um parênteses pra citar um dos melhores vídeos de skate que já vi, o Menikmati da éS (2000), dirigido pelo French Fred. Ná época a marca de tênis também tava no auge, e entre eles tinham dois da própria Crailtap, Rick McCrank e o Koston, que fecha o filme. Assistam Menikmati. Era só isso mesmo, podemos voltar ao corpo do texto.

Ainda na caça de talentos, outro nome importante pra ser ressaltado, e que tem tudo a ver com as comparações de super-times do passado e atualidade, é o menino do switch Paul Rodriguez. Apesar de ter o nome muito ligado à PlanB, e ser dono da Primitive, P.Rod começou a carreira pelo City Stars, time que quase o passou pra pro. Logo após sua part no In Bloom (2002), Koston convidou Rodriguez pra entrar na marca já como profissional.

Daí pra frente foi só sucesso. 2003 trouxe o Yeah Right, um dos vídeos mais influentes da história (sério, que vídeo fantástico), e não só a Girl mas a Crailtap inteira domina o mundo do skate. Chocolate, a marca irmã (que aqui estou fazendo um paralelo bem porco com a Hockey) não ficava para trás, trazendo pessoas como Marc Johnson que por sua vez também seria SOTY em 2007, ano que sai o Fully Flared da Lakai. Nomes que hoje são grandes também saíram daqui, como Alex Olson e Mike Mo.

Quem já viu o Yeah Right sempre lembra da sessão do skate invisível

Porém como tudo muda, o mercado do skate começa a tomar novos rumos e isso impacta alguma empresas, incluindo a Crailtap. Os anos 2010 trouxeram novas concepções estéticas e mercadológicas para o skate, (assunto que vale um texto próprio e com mais embasamento) e talvez o último grande ato das marcas para essa geração do skate veio através do Pretty Sweet (2012), criticado por muitos, amado por outros, mas foi o vídeo de skate mais vendido na história. O vídeo tentou mesclar diferentes gerações mas foi o reflexo de uma marca que já estava ruindo.

Pouco depois os skatistas foram metendo o pé, alguns montando suas próprias marcas e hoje pouco restou daquela época de ouro, o que não significa que tenha morrido. Doll, full length lançado ano passado serviu de renovação para a Girl, apresentando oficialmente os novos nomes da marca e mostrando que ainda existe futuro pros caras.

E hoje, as duas empresas citadas no começo do texto, Primitive e Fucking Awesome, são exemplos dos moldes de skate de sucesso que temos na década atual, o que chega a ser engraçado já que, mesmo existindo há algum tempo (Primitive como marca de roupa desde 2008 e FA na mesma área desde 2001), foram nos últimos anos que se lançaram como marcas de shape. E num mercado que está abalado economicamente, com várias empresas fechando as portas, introduzir uma marca, vingar e atingir o estado que chegaram, é um feito para poucos e digno de admiração. Resta ver se os ciclos que o skate passa vão bater nestas como pegou as gigantes da geração anterior.

O extenso time da FA que dispensa comentários

No fim eu sei que falei sobre um monte de coisa e nada ao mesmo tempo, então estamos pensando em gravar um episódio pro Squadcast pra aprofundar os assuntos introduzidos nesse texto. O que acha? Comenta aí, dá uma ideia, conta pra gente sua opinião sobre o assunto.

2 thoughts on “All Stars

  1. Ótimo texto, resume um pouco de quem viveu o skate nos 90 e considera a melhor concepção do skate até hoje. Por mais que tenhamos recursos diversos as pessoas não buscam tais conhecimentos, não buscam a essência, as influências, os fundamentos, isso pra mim é a real raiz. Muito fácil ir pra rua e ver maluco cheio dos pirulito flip sem nem subir a guia de ollie ou dar um ollie decente, os caras esquecem do básico, a história do skate é muito rica, tudo que conheço hoje de música, arte, estilo, comportamento foi devido ao skate que me deu essa opção de escolha e não influenciado por modinha ou coisa e tal, muito fácil entrar num shopping hoje e sair skatista, é só ler depois o tutorial no YouTube kkkk, pensa nos 90 que a internet era discada? Que tudo que chegava aqui era importado e uma fortuna? Que as ruas eram podres e a borda nem se fala (aliás isso tem até hoje) que o Brasil tava em outra crise do caraleos e só que tinha skate de verdade na veia continuava a andar nas ruas? Que skate no braço era taxado de maconheiro ou motivo de ser parado pela polícia. Eu mesmo já tive meu skate aprendido por policiais umas 3x mas nem por isso deixava de andar sempre algum brother salvava com um shape velho, um rolamento etc. Voltando ao texto Girl & Chocolate foram bons exemplos, mas não esqueçamos de Menace, que mesmo com pouco cash mostrou que era possível montar uma boa equipe que não visava só grana, era a irmandade que comandava a bagaça, e até hoje serve de influência pra varias que chegam aí com sua “crew” mas no mundo capitalista que vivemos acho que já sabemos o fim né, espero que Girl & Chocolate possa continuar no mercado porque as grandes marcas como Nike & Adidas vai engolir todas as marcas menores ou que estão capenga, é só pagar bem “os menino” que já sai da marca falando m, principalmente depois que for considerado “Olímpico” aguarde e verás…

  2. Sem dúvida Girl e Chocolate são as marcas mais foda do skate marcaram época e está no coração de todos que andaram de skate nos anos 90 e 00. A lakai nem se fala pra mim a melhor marca de tênis gringo ( pq a melhor do Brasil é a ÖUS S2) e sem dúvidas o vídeo da lakai é um dos melhores se não o melhor vídeo de Skate de todos os tempos, até hoje coloco o dvd pra rodar na minha Skate Shop e os mlk mais novo vem me perguntar se o vidro é de agora haha
    É sobre a Girl eu nem sabia que tinha saído vídeo novo deles pra mim que o último ti há sido o Pretty Sweet kkkk abraços família muito bom o texto e se quiser lançar vidro pode rodar que nois assiste e divulga

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