Você abre o Instagram e só o que vê são clips cheios de tricks e mais tricks, sejam do seu skatista pró favorito, ou do guri de 15 anos amador da skateshop do bairro. Todas impecáveis, pop lá em cima, braço largando.

Vai para o YouTube e aquele skatista europeu lançou uma part nova, absurda, rodou o mundo todo pra filmar o fino do fino. Quando tu termina, vai dormir torcendo pra sonhar com todas as manobras que obviamente não vai acertar na sessão do dia seguinte, porque você não tem as skills. Decepcionante né?!

Menino Vinicius Moraes sofrendo pra virar overall (foto: @stuquera)

Existe uma parada quase inevitável e que ninguém te fala quando começa a andar de skate, e essa coisinha é a frustração. Eu já perdi a conta de quantas vezes eu já passei raiva e/ou pensei em desistir do skate, porque colocando na balança, na maioria das vezes ele não te traz muito benefício. É dinheiro gasto em peça e passagem pro rolê, dor no corpo das pancadas e quedas, estresse mental, cansaço, e tudo por causa de uma tábua com rodinhas.

Shape quebrado na primeira manobra do rolê do Maicão (foto: @stuquera)

Numa entrevista do J. P. Dantas, ele fala sobre o bichinho do skate que te pica e quando vê tu fica doente, parece que só pensa naquilo. Sua visão de espaço e percepção corporal muda, seus gostos, ideias, parece que tudo, em alguma medida, começa a convergir pro maldito carrinho. E chega uma hora que tu fica se perguntando o porquê de não largar tudo de vez. E olha, eu já vi vários moleque bom largar.

O fotografo e videomaker Fred Mortagne (ou French Fred, como é conhecido) tem um curta bem massa falando como o skate é uma merda, e bom, se você não anda de skate é melhor assistir pra entender o que eu estou falando:

A questão é que depois de um tempo você entende que o skate não deve ser levado a sério. Talvez você nunca pule uma escada de 10 degraus, volte um tail de back na bordinha pequena que tem na rua atrás da sua casa, ou ganhe um game de skate de forma decente. Mas a ideia de reunir os amigos, tomar umas e celebrar cada flip, paga todo o cansaço, e no fim do dia, você nem se importa com todos os contras que pesam na balança.

A ideia de que o skate não é pra você com certeza vai passar pela cabeça desde a primeira vez que subir no board, isso é normal. E talvez o skate não seja mesmo pra ti, mas o que define isso, não é quantas tricks você tem ou quão alto é seu pop, mas sim o como você vai lidar com a decepção que ele carrega junto.

 

*ilustração inicial feita pelo artista Henry Jones.

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