Entre papos e conversas com vários amigos e conhecidos, sempre refleti sobre o inicio; o início de tudo, da vivência, e até mesmo da prática do skate. Quando criança já havia uma faísca, um interesse por todo esse movimento, cultura, estilo de vida – ou seja lá como prefere denominar – mas, como garota, no final dos anos 90, onde o machismo ainda era algo extremamente forte, principalmente nesse meio, haviam alguns limites impostos pela sociedade, que dificultavam a prática, pois era algo agressivo demais.
Isso nunca permitiu que a tal faísca se apagasse, muito pelo contrário, cada vez se tornava uma chama maior, mesmo com o pouco contato e “consumo” do skate, por programas de televisão, ou assistindo pessoas passando na rua; isso se manteve mesmo com o início “tardio” da prática.
Comecei a andar de skate há pouco tempo, aproximadamente há dois anos, mas o hábito constante mesmo, faz alguns meses; fui a eventos voltados para garotas e fiz algumas amizades, mas principalmente, troquei experiências e nessas conversas, percebi algo: O início é diferente até mesmo na questão etária. Todo mundo acha genial quando crianças andam de skate, mas todo o desenvolvimento nessa idade não é mais simples e orgânico?
A pressão pra mina mais velha é diferente, cresceram com muita coisa imposta sobre suas costas, já tem mais coisas pra pensar, algumas até família e trabalho para conciliar, o que faz com que o desenvolvimento seja mais lento, e precisem de mais apoio até mesmo para se libertar de tantas correntes adquiridas na vida.
O skate é contra o sistema, é contracultura, e assim deve continuar. Precisamos dar apoio para aquelas mulheres, que assim como eu, guardam todo um sentimento por muito tempo, e finalmente podem se livrar dessas questões. Um dos passos importantes nessa jornada é o apoio dos caras, para que esse movimento ganhe ainda mais força e deixe de ser algo tão machista e preconceituoso. Você pode começar seguindo as dicas do post da Britney’s Crew:
Além disso, chamar a galera da minoria que você conhece, sabe que tem interesse e vontade de andar, dando espaço e apoiando os eventos dessa galera. São inúmeras formas de ajudar e transformar, trazendo o que o skate tem de melhor, que é a vivência.
Nada me aquece tanto o coração quanto ver a mina de 35-40 anos começando a se aventurar, saindo da caixa, e dentro dessas conquistas, precisamos incluir as gays, trans, negras, e todas as outras minorias que merecem o espaço, assim como Lacey Baker vem fazendo. A coisa tem que continuar.
Além de acompanhar o conteúdo, o desenvolvimento das nossas crianças, vamos acompanhar também o movimento das mais velhas, e dar todo o apoio, mostrar que o skate é livre, é amizade, algo acolhedor e PARA GERAL.
E só mais algumas coisas antes de finalizar: Já saiu faz um tempo, mas dá uma olhada nesse curta produzido pela Luiza Giácomo, que mostra bastante da vivência das mina no skate:
Vale também dar uma olhada, ou melhor, ouvida no podcast das minas feito pela Black Media, onde falam justamente sobre diferentes gerações no skate feminino.
Aproveita o clima de final de ano, de novas atitudes e renovação, e pensa como você pode fazer para contribuir nessa cena, transformando o skate em algo cada vez mais inclusivo.
É isso aí, e boas festas para nós!! #OBRIGAH