Independência ou morte!
Esses dias me deu uma vontade muito doida de fazer algo pelo skate, com meus amigos, esse algo é o site que você está vendo agora. Nosso bloguinho, independente, sem patrocínio nem apoio de ninguém.(ou será que não?)
Hoje vivemos num contexto em que todo mundo é “livre” pra criar o conteúdo, produto ou coletivo que quiser e como quiser, sem se submeter a uma empresa ou governo, ou seja ~independente~. Isso mudou bastante a forma como o mercado do skate funciona, trazendo mais visibilidade e credibilidade pro grupo de amigos que faz um videozão e quer exibir na rua, ou pro skatenerd que quer falar abobrinha na web (eu mesmo). E o que tem de errado nisso? Por que diabos eu boto aspas em “independente”?
Embora seja muito positivo o poder de criar nossa mídia alternativa e diminuir o consumo dos grandes monopólios vigentes nesse mundo, caímos numa ilusão de que estamos fora da realidade. Nos cobrindo com esse empoderamento individual de que somos capazes de fazer o que quisermos, independente do contexto. Porém não é bem assim amiguinhos, pois atrás de tudo que fazemos estão essas mesmas marcas e mesmo governo do qual tentamos (ou não) nos emancipar.
A força de trabalho por trás da câmera que você ta usando, da roupa, do seu skate ou do SUS pra onde você vai quando quebra o dedo tentando descer o corrimão que você sabe que não consegue, estão todas dentro desse sistema que rege todos os aspectos da nossa vida, o mundialmente famoso e aclamado Capitalismo.
A filosofia por trás do “independente” é algo que por bem ou por mal isola o objeto desse contexto capitalista, e pode reforçar o individualismo desconsiderando que, tudo que fazemos, e tudo que é feito pra gente são esforços coletivos e integram o todo como qualquer outro trampo.
Não quero que esses projetos e coletivos acabem, de forma alguma, gosto muito mais disso do que as coisas massificadas pra um público mainstream em busca de lucros exorbitantes. Mas acredito que junto com essas iniciativas temos a responsabilidade de nos posicionarmos como parte de uma estrutura maior, não glamourizando isso como estilo de vida único, e sim como resistência a um sistema falho, e abraçando o coletivo em prol da melhor condição possível pra que andemos de skate felizes e contentes, construindo uma comunidade que abrace a todos como nos abraçou.