Sujeira

Pode mudar muita coisa no skate, o mercado, as leis, a moda, as peças e até coisas que ainda nem existem.

Mas tem uma parada fundamental nessa prática, que vem antes mesmo de você se tocar que é skatista, um pré-requisito que separa isso de tantas outras artes.

A sujeira.

Você tem nojo de comer um lanche com as mãos temperadas de pó, suor, grão de lixa e um tiquinho de sangue?

Se a resposta for sim, talvez skate não seja pra você.

Não pense que seu bonezinho rosa vai ter cheiro de loja por muito tempo, ou que sua camiseta favorita não vá entrar em contato com água de bueiro. Seu sovaco vai feder, sua cara vai ficar grudenta e sua bunda vai suar até parecer que mijou na calça.

Somos porcos rolando na lama, e logo você entende o slogan “sujar faz bem”.

Esses dias abri um buraco na minha calça favorita, e a manchei de sangue, como demorei pra lavar, ficou assim. E eu ainda a uso com o maior prazer, mesmo lembrando a nojeira do tecido colando no machucado.

Eu não gosto de me sentir sujo, e não tem coisa melhor do que o banho pós rolê. Mas é revigorante a sensação de não ligar, quando você passa todos os seus dias preocupado em estar cheiroso e arrumado pro trabalho/almoço em família/encontros/o que diabos que for, acaba se esquecendo o que é o chão, o que é areia, terra, caco de vidro, barata, rato e tudo mais que é tão abundante ao nosso redor.

Skate é o intermédio que me possibilitou ver e aprender com o que a rua tem de ruim, e fazer coisas boas nesse meio, é o meu jeito de sentir que sou um explorador assim como Indiana Jones, que se perde num lugar adverso e rala seu caminho até se encontrar novamente.

Agora vai lá, pega sua camiseta favorita e seu melhor tênis de skate, e vai destruir a porra toda, no fim do dia, no conforto de casa, vai sentir o alívio da limpeza como nunca sentiu antes.

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