Lá em 2016, quando eu fui pra Salvador pela primeira vez como skatista, eu me fiz obrigado a conhecer a ZSU e ali, no primeiro momento que fui recebido pelo Ian e pelo Helder, eu já entendi que eu não era um comprador e os caras vendedores, nós eramos apenas skatistas e desde então eles tem sido minha skateshop quase local.
Quando eles me falaram que iam soltar um vídeo novo, já comecei a pensar em como poderia passar para as pessoas a mesma empolgação que eu tenho de ver o que eles fazem, não só de filmes, eventos, mas são skatistas de verdade, cuidando de uma loja de skate de verdade, fazendo um corre de verdade há quase 9 anos.
Então, pra isso, conversei com parte da ZSU Family pra falar um pouco sobre skate loja, os eventos, as produções e claro, do vídeo novo da loja que você vê no final do da entrevista!

Pra começar, quero que vocês me falem como e quando começou a ZSU?
A zeroseteum começou bem pequena, lá em meados de 2010. Na verdade a loja era um escritório de representação de shapes, depois foi começou a vender uns shapes, uns acessórios, e foi evoluindo para mais materiais e algumas roupas.
Se bem me recordo só existia uma outra skateshop na cidade e lojas no shopping que vendiam um ou outro material e no geral ninguém fazia quase nenhum trabalho na cena do skate. Percebendo essa escassez de lojas naquela época em Salvador e a vontade de movimentar o cenário a loja nasceu. Então contando tudo, já são quase nove anos de história.
Eu acompanho vocês a bastante tempo e vejo sempre vocês fazendo, participando ou divulgando eventos que acontecem em Salvador, de arte, música, eventos culturais em geral, como rolou essa conexão?
Essa conexão com outras vertentes da arte, acho que aconteceu naturalmente, o skate por si só tá direta e indiretamente ligado à várias vertentes da arte, na música, moda, fotografia, cinema, enfim, o skate ta junto e misturado nisso daí.
A gente meio que foi percebendo que o nosso público estava além do skate, a galera que colava na loja, de vez em quando era um artista do rap, vários amigos da fotografia, Fernando Gomes principalmente, Alan produzindo vídeos, enfim, uma galera que a gente tava envolvida meio que da cena underground, sempre colando na loja, consumindo nossos produtos e a gente começou a bolar projetos que agregasse a todo mundo, sabe? Não ficasse limitado a skate, manobras em si, e já que o skate abrange tudo isso, porque não tá desenvolvendo projetos com essa galera sabe? Isso só tem a somar, no nosso trabalho, não só pra gente mas toda a galera que tá envolvida junto.
E nesses tempos em que a arte tá sendo cada vez mais julgada no Brasil com esse novo governo, a gente tem que tá o mais junto possível né? Não pode deixar baixar nossas forças. Quanto mais a gente tiver junto dessa galera da cena que produz das próprias mãos a gente chega mais longe, de pouquinho em pouquinho a gente chega mais longe.
Premiere do filme “Singular” da Plural
/ Foto: Felipe Correia
Premiere do filme “Singular” da Plural / Foto: Felipe Correia
Como começaram os eventos que vocês fazem na própria estrutura do shopping onde tá a loja?
Rapaz, aqui no shopping onde a gente tem a loja tem um estacionamento bem na porta da loja e todo dia a noite, esse estacionamento é fechado com gradil, e aí no sábado a maioria das lojas fecha mais cedo. A gente teve a ideia de fazer alguns eventinhos aqui na porta mesmo, pra dar uma movimentada. Já fizemos premieres, a gente bota bebida pra galera, bota DJ, essas paradas que precisam pra produzir um evento e a gente tem segurança do shopping, tem câmera, tudo direitinho, e a gente fez parceria com o shopping e a gente não precisa pagar pra usar o espaço, então a gente consegue agilizar pra fazer uma festa gratuita.
Você falou do Fernando e do Alan, que já tiveram produções lançadas na casa, os mais recentes foram o “religare” e o “.ssalitre.” do Fernando, o “Tribal Eletrônico” da collab da loja com o Luk (Felipe Oliveira) e a Plural que foi feito pelo Alan, e mais recentemente rolou uma première na loja.
Queria que você falasse como vocês fazem pra movimentar com tanta frequência a cena local com a produção de vídeos de skate.
Velho, o lance das nossas produções meio que começou lá no comecinho da loja, um pouquinho antes, quando tava surgindo a crew, que era a FDN. E no processo de surgimento da FDN, a galera meio que rachou a grana e comprou a câmera, tá ligado? E Alan tinha a maior disposição pra filmar e tirar foto e Fernando já fazia o trampo dele de foto de skate em paralelo, independente da crew. Aí a gente foi e começou a filmar. Tinha muito interesse em mostrar que aqui em Salvador tem skate pra caralho e não é visto, sabe? Começou daí, filmando com crew, filmando, filmando, filmando, evoluindo equipamento, a galera rachando grana pra comprar lente, rachando grana pra tudo assim, e meio que a crew era tão unida que chegou um tempo que a galera chegou na fase adulta ali, tipo, precisava do seu trampo e a gente não perdeu a conexão. Uns foram trampar com arquitetura, Alan foi fazer faculdade e tal, mas nunca deixou de unir as forças pelo skate, pela crew, pelas imagens e aí rolou a loja então, se a gente precisava fazer alguma imagem pra loja, Alan ia salvar e se ele precisasse da loja pra alguma coisa do trampo dele, a gente ia chegar junto. A crew se misturou com loja, com o trampo individual de cada um e deu forças pra manter a engrenagem funcionando, tá ligado?
Mais recentemente, que é o caso do Tribal, foi meio que isso, a gente pegou nesses últimos anos de crew, de loja, a gente pegou um ritmo de produção, de imagem, de pegar um costume de sair na rua filmando um bagulho, a gente levou isso muito a sério.

O processo do Tribal, de Alan, foi meio que isso, ele meio que tinha uma fila de imagem de Felipe mesmo. Felipe é incrível velho, se deixar uma pessoa na sombra dele que esteja com a câmera ligada, se deixar ele filma o dia inteiro, um milhão de manobras, não para, é um acervo ali (de manobras) que é inacabável.
E aí no Tribal, tavam vários amigos aqui, Kodai, Arroz, Pedrinho, de Maceió, tinha uma galera aqui, e a galera tava filmando em alta, as imagens já há um tempinho guardada, precisando soltar, analisando as melhores formas de fazer isso, e nada mais natural do que fazer essa parceria, já que a loja também ajudou muito desses moleques. Quando o Arroz colocou pra Salvador ele trampou aqui um tempo, Pedrinho colou aqui a gente deu uma força com material, Kodai a mesma coisa, então cada um que tá no vídeo tem uma ligação bem forte com a loja, com o Felipe, a Worldxit e aí fluiu, rolou isso aí.
No caso do Fernando, recentemente o Alan tava num trampo, carteira assinada, e não tava tendo muito tempo pra filmar, e aí Fernando Gomes meio que assumiu assim, fazia foto e já falava “Vamo filmar!”.
Aí foi filmando, filmando, filmando e de repente falou “Acho que vou editar”, ai ele começou a animar de editar e criou o Religare, daí logo em seguida, tipo, teve uma repercussão bacana, ele curtiu o trampo dele, a gente curtiu o trampo dele pra caralho também e aí em seguida ele animou de fazer o .ssalitre..

Esse filme tem tudo a ver com a cidade né velho, Salvador é muito salitre, pra todos os lugares que você vai, por ser uma cidade do litoral, e o salitre aqui parece que é muito mais aguçado que qualquer lugar do Brasil, sei lá que “disgrama” é, mas enfim, salitre aqui bate forte (risos).
Aí foi meio que isso velho, necessidade. Tudo que a gente faz aqui é uma questão de necessidade e vontade, arregaçou as mangas e meteu mão né, daquele jeito.
Não tem marca aqui pra fazer “pela” gente, não tem lojas gigantes fazendo “pela” gente, enfim, a gente tá fazendo o nosso da melhor forma. Algumas marcas entram com suporte, as vezes a gente solicita e tal, por ter a loja já há alguns anos às vezes a gente consegue algumas parcerias com algumas marcas, mas é muito pouco né velho. A gente é muito grato por toda ajuda que as marcas deram até hoje mas as produções que a gente faz aqui é no corre muito além. E é bem prazeroso também, eu falo dessa forma mas não é reclamando não, é bem gratificante, é um processo de construção, a gente tem conhecimento que é um processo de construção, a gente fazendo uma análise da cena de skate daqui de Salvador dez anos atrás e hoje, é outra cena tá ligado?
Recentemente vocês fizeram a segunda edição da festa Resistir, queria saber também como começou essa festa e essa conexão com a Queer Fox?
A parceria com o Queer Fox surgiu de um ensaio fotográfico que o “Japa” tava fazendo, ele faz uns trampo de modelo também, e tinha uns brother, que é a Luiza e o Rafael, que tavam participando desse ensaio também e eles são pessoas envolvidas com a Queer Fox. Nesse dia que o Japa tava fazendo esse trampo eu tava também, a gente se conheceu, ficou trocando ideia, eles ficaram interessados em conhecer a loja, veio na loja e aí rolou uma sintonia, as ideias bateram e a gente começou a pensar em fazer um projeto em conjunto.
A Queer Fox que é uma marca sem gênero, né, envolvida com várias coisas da arte, e a gente (ZSU) que tem o skate, arte de certa forma também, juntamos nossas forças, bolamos um projetinho, conversamos com artistas que temos amizade e fizemos o evento Resistir.

O nome é bem isso né, tipo, tudo isso que a gente vem passando com o novo governo, todas as minorias estão extremamente abaladas então a gente precisa tá firme, precisa tá junto e a gente colocou o nome Resistir porque tem tudo a ver, fez da forma mais underground possível e rolou, colou uma galera massa e foi bem positivo assim.
Nessa festa vocês soltaram mais uma produção, conta um pouco de como surgiu o “Zero”.
Esse vídeo novo que a gente fez, foi isso que falei antes, uma questão de necessidade. Alan trampando pra caralho, sem tempo pra sair com a gente nas missões, Fernando com vários trampos pessoais também rolando e a gente tava se sentindo meio ocioso aqui na loja, sabe, tipo, precisando soltar um alguma coisa, algum videozinho.
Porque a gente tava nesse costume de fazer isso vários anos, sempre produzindo, sempre produzindo, e ai, Ian e o Japa, cada um tinha uma camerazinha dessas antiga em casa, de bobeira, parada, essas handcam, e aí a gente pegou a handcam e começou testar, filmar, todo dia a gente saia filmando uma coisinha e quando a gente foi ver já tinha um conteúdo legal assim na mão, uma quantidade legal de manobras e nada que a gente saiu na função de produzir um skate pesado, não, nossas vivências, nossos rolês, o dia-a-dia, uma trickzinha aqui, uma trickzinha dali e deu esse vídeozinho ai, diversão!
É isso, obrigado Helder, Ian e toda a ZSU Family pelo trabalho, dedicação e amor ao skate!
Assista ao vídeo “Zero” abaixo:
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Skate é arte e toda grande conquista vem da falta de opção!
Bonitaço o trampo! ♥
Vida longa
👏👏👏👏👏😘😗meninos que se tornaram grandes homens com muita responsabilidade e de coração enorme sempre presente para ajudar todos maravilindo trabalho muito bom 👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏 que venha muito mais sucesso guerreiros 👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏